Novos "cara-pintadas" protestam contra corrupção... só falta a lição de casa

Eduardo Anizelli/Folha Online Reprodução
Novos "cara-pintadas" protestam contra corrupção... só falta a lição de casa
Manifestantes na Avenida Paulista

Mostrando a força da internet na política, milhares de manifestantes convocados pelas redes sociais como Facebook e Twitter foram às ruas em São Paulo, Brasília e em outras cidades brasileiras com caras pintadas e faixas de protesto contra a corrupção na política brasileira neste 7 de setembro. Sensíveis à críticas ao governo federal por eles comandado, alguns petistas famosos no Twitter atribuíram os atos como o da Avenida Paulista à oposição e à "mídia".  Embora simpatizantes do poder de plantão naturalmente não gostem de críticas, é salutar para qualquer democracia de fato ver jovens mostrando sua indignação com as eternas maracutaias que não distingue ideologias, ou melhor, faz do poder e do dinheiro público a maior das ideologias.

Embora seja tudo muito bonito, faltou algo importante nos protestos dos novos "cara-pintadas" da era da internet. Faltou protestar contra a corrupção da maioria da população, incluindo, claro, a dos próprios jovens. Ou será que não vale reclamar contra falsificar carteira de estudante, cometer infrações de trânsito para levar vantagem sobre os demais e por vidas alheias em risco, fraudar provas ou comprar diplomas, vender ou trocar voto por vantagens pessoais etc...? Essas práticas já se tornaram tão comuns no Brasil, que chegam a não ser consideradas como corrupção. Basta perguntar por aí e verá que maioria acha toda essa safadeza coisa "normal", a não ser, é claro, quando for cometida contra algum deles.

Embora consideradas delitos menores do que os praticados por quem está no poder, esses "pequenas corrupções" significam apenas que o infrator não conseguiu uma chance de praticar um grande cambalacho. É desse tipo de protesto que o Brasil precisa. Só reclamar dos grandes corruptos a história já provou que não basta. Ninguém viu corrupção recuar desde que os cara-pintadas foram às ruas na era Collor. Pelo contrário. Afinal, o poder é o retrato da sociedade. Seus ocupantes emergem desta, eleitos pela maioria. Ou seja, se não houvesse uma maioria de eleitores corruptos, seria muito difícil para qualquer corrupto se eleger. Portanto, fazer a lição de casa seria, provavelmente, muito mais eficaz do que simplesmente apontar o dedo para aqueles que ajudaram a chegar no poder.



Deixe seu comentário


Postado por: Marco Eusébio, 07 Setembro 2011 às 16:03 - em: Principal


MAIS LIDAS