VIDA PERDIDA – Por ter o mesmo nome de um assassino, Silva foi preso em 1976 e solto seis anos depois, quando o verdadeiro criminoso foi capturado. Em 1985, foi detido em uma blitz e, acusado de violar liberdade condicional, voltou para a cadeia, onde ficou mais 13 anos. No cárcere, ficou cego, atingido por estilhaços de uma bomba de gás lacrimogêneo jogada pelo batalhão de choque da PM durante uma rebelião no Presídio Aníbal Bruno. Um mutirão judiciário reconheceu a injustiça e ele foi posto em liberdade em 1998. Acionou a justiça contra o governo estadual e passou a receber uma pensão de R$ 1 mil até 2009, quando recebeu a primeira parcela da indenização. Com o dinheiro, comprou casa, ajudou a família, mas “já não tinha alegria de viver”, conta o advogado. "Ele me dizia que vivia em um cárcere escuro e daria tudo para enxergar novamente". Abandonado pela mulher e os 11 filhos depois de ser preso pela segunda vez, Silva conheceu Lúcia, que acompanhava a mulher de um companheiro de cela nas visitas, e se casou com ela.