Veruska Seibel, viúva do jornalista Ricardo Boechat que faleceu na semana passada em acidente de helicóptero, postou ontem no Instagram uma foto da Nina, cadela da família, e escreveu na rede social: "Toda noite ela fica no alto da escada esperando ele voltar da Band".

Depois da repercussão nas redes sociais da imagem da vendedora Leiliane Rafael da Silva socorrendo o motorista do caminhão envolvido no acidente que vitimou o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci, enquanto alguns homens apenas filmavam a cena com celulares, deve começar a tramitar nesta semana na Câmara projeto que eleva a pena por crime de omissão de socorro, que hoje prevê seis meses de detenção, ou multa, no artigo 135 do Código Penal. Autor da proposta, o deputado federal Fábio Trad (PSD-MS) lamenta que algumas pessoas queiram fotografar ou filmar desastres em vez de socorrer vítimas, e explica que o projeto aumenta pela metade a pena se a omissão resultar em lesão corporal de natureza grave; e triplica em caso de morte.

Em seu último comentário na rádio BandNews FM na manhã desta segunda-feira, horas antes do acidente de helicóptero que o vitimou na Avenida Anhanguera, o jornalista Ricardo Boechat citou a manchete de hoje de O Globo, "Negligência e impunidade marcam tragédias no país", e disse que as consquências não deram em nada, citando a queda de um avião da TAM, o incêndio da Boate Kiss, as barragens de Mariana e Brumadinho, o incêndio no CT do Flamengo e enchentes em Santa Catarina e no Rio. "Esse é o ponto que une todas essas tragédias. A impunidade é o que rege, o que comanda as orquestras das tragédias nacionais", afirmou. Veja em vídeo da Band.

Triste perda para o jornalismo brasileiro. Morreu no início desta tarde Ricardo Boechat, aos 66 anos, quando o helicóptero em que estava caiu e bateu em um caminhão na Avenida Anhanguera, em São Paulo. O jornalista retornava à capital paulista depois de proferir uma palestra em Campinas. O piloto Ronaldo Quatrrucci também faleceu no acidente. Nascido em Buenos Aires em 13 de julho 1952, onde o pai estava a serviço do Ministério das Relações Exteriores, Ricardo Eugênio Boechat iniciou na profissão em 1970 no extinto Diário de Notícias (RJ) e ao longo da carreira ganhou três prêmios Esso, um dos principais do jornalismo brasileiro, e foi o maior vencedor do prêmio Comunique-se. Trabalhou nos jornais O Globo, O Dia, O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil e foi comentarista da TV Globo. Atualmente atuava como apresentador do Jornal da Band na TV, radialista da BandNews FM e colunista da revista IstoÉ. O presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, expressaram no Twitter seus votos de pesar e solidariedade à família do jornalista.