Caminhoneiros prometem parar nesta quarta-feira em protesto contra a decisão do ministro Luiz Fux de adiar o julgamento no Supremo sobre a constitucionalidade da tabela do frete. O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Walace Landim, o Chorão, disse ao Estadão que a paralisação será nesta quarta-feira, das 6 às 18h, mas explicou que os motoristas estão sendo orientados a não fazer bloqueios nas rodovias. A parada já estava marcada para permitir que a categoria acompanhasse a votação no STF, que foi suspensa a pedido da Advocacia Geral da União (AGU). "A categoria vai parar na quarta-feira em resposta ao descaso do ministro [Fux]", afirmou Landin. Ainda segundo o jornal, integrantes do Planalto afirmam que há um diálogo permanente com a categoria e não haveria previsão de uma greve mais ampla.

Pelo menos metade dos motoristas que trabalham para a Uber em Campo Grande devem parar por 24 horas na próxima quarta-feira em adesão a um protesto internacional contra condições de trabalho, que marcará oferta pública inicial (IPO) da empresa na Bolsa de Nova Iorque. O presidente do sindicato da categoria, Paulo Pinheiro, disse ao Correio do Estado que a Uber vem encolhendo os pagamentos dos motoristas, sem oferecer benefícios ou segurança, e reclama que os profissionais não são ouvidos pela empresa que "não dá a mínima atenção, é tipo um regime ditatorial". "A Uber fica com 30%, e a gente acha isso um absurdo porque tudo é do motorista, manutenção troca de óleo, pneu, no fim das contas, praticamente não sobra nada", afirmou.

Apesar de o governo ter anunciado um acordo com representantes dos caminhoneiros na noite anterior, a expectativa nesta manhã de sexta-feira é se a categoria vai aceitar as propostas feitas pelo Planalto. Ainda na noite anterior, mensagens e vídeos que circularam via Whatsapp falavam que a greve seria mantida. E, em entrevistas depois da reunião com os ministros de Michel Temer, lideranças de entidades dos caminhoneiros frisaram que a decisão será da categoria.

Para baixar o preço do diesel, o governo Temer anunciou ontem um acordo com o Congresso. Vai zerar a cobrança da Cide. Acontece que essa tarifa só representa 1% dos 27% de impostos do diesel, o que reduz o preço em apenas cinco centavos por litro. Como compensação, o Planalto exigiu aumentar a carga tributária no setor produtivo, com a aprovação no Congresso do projeto que acaba com a desoneração da folha de pagamento de 53 setores, neste ano, e de 56, no total, até 2021. A retirada de 1% da Cide no preço do diesel não agradou a associação dos caminhoneiros, e a paralisação, que já causa desabastecimento em diversos setores, deve continuar.