A força-tarefa da Lava-Jato em São Paulo denunciou hoje o senador José Serra (PSDB-SP) e sua filha, Verônica, à Justiça Federal, acusando-os de receber "milhões" em propinas da Odebrecht por obras em São Paulo quando foi prefeito da capital e governador (2005-2010). A casa do tucano e outros endereços a ele ligados são alvos de busca e apreensão da Polícia Federal. A Justiça Federal também mandou bloquear R$ 40 milhões de uma conta na Suíça. Na denúncia, o Ministério Público Federal (MPF) diz que Serra valeu-se dos cargos e influe?ncia poli?tica e manteve uma "relação espúria" com a Odebrecht, ao pedir e receber, "direta e indiretamente, em razão das funções por ele ocupadas, substanciais recursos indevidos". "José Serra e Verônica Allende Serra, entre 2006 e, ao menos, 2014, ocultaram e dissimularam, por meio de numerosas operações bancárias, a natureza, a origem, a localização e a propriedade de valores sabidamente provenientes de crimes, notadamente de corrupção passiva e ativa, de fraudes à licitação e de cartel, praticando, assim, atos de lavagem de capitais tipificados", relata o MPF. Além dos mandados de busca e apreensão as pela Justiça Federal que determinou ainda o bloqueio de R$ 40 milhões de uma conta na Suíça, informou a Procuradoria. (Com Estadão e O Globo)

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo, mandou soltar o casal de ex-governadores do Rio, Anthony Garotinho e Rosinha Matheus, que voltaram à liberdade ontem, apenas um dia depois de terem sido presos, acusados pelo MP de superfaturar contratos da Prefeitura de Campos dos Goyatacazes (RJ), onde ela foi prefeita por dois mandatos, com a Odebrecht. Em setembro, o casal havia sido preso pela mesma acusação, mas também ficaram apenas um dia na prisão. É a quinta vez que Garotinho foi preso, e a terceira prisão de Rosinha.

A polícia investiga a morte do ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Henrique Valladares, cujo corpo foi encontrado ontem em seu apartamento, no Rio de Janeiro. As primeiras investigações indicam que não havia sinais de arrombamento, nem evidências de luta no local. Boletim da 14ª DP do Leblon aponta "causa indeterminada" para a morte. O empresário ficou conhecido por ter revelado em delação à Lava Jato pagamentos de propinas para o ex-senador e atual deputado Aécio Neves (PSDB/MG) e para o ex-senador Edison Lobão (MDB/MA), ex-ministro dos Governos Lula e Dilma, para a empreiteira obter facilidades nas obras das usinada hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia. Nas planilhas de propina da empresa, Aécio era citado como "Mineirinho" e Lobão como "Esquálido". Ele também revelou pagamento de mesadas a lideranças indígenas e da CUT da região. (Com Estadão)

A força-tarefa da Lava Jato em São Paulo denunciou à Justiça o ex-presidente Lula e seu irmão Frei Chico, por corrupção passiva continuada. Também foram denunciados os donos da Odebrecht, Emilio e Marcelo Odebrecht, e o ex-diretor da empresa, Alexandrino de Salles Ramos Alencar. Conforme o MPF, "entre 2003 e 2015, Frei Chico, sindicalista com carreira no setor do petróleo, recebeu R$ 1.131.333,12, por meio de pagamento de 'mesada' que variou de R$ 3 mil a R$ 5 mil e que era parte de um 'pacote' de vantagens indevidas oferecidas a Lula, em troca de benefícios diversos obtidos pela Odebrecht junto ao governo", informa O Estadão. A Procuradoria afirma que a Odebrecht vinha tendo problemas com sindicatos contrários ao programa de privatização no setor das petroquímicas, e "Emilio Odebrecht, buscou uma aproximação com Lula, e este sugeriu, então,que contratasse Frei Chico como consultor para intermediar um diálogo entre a Odebrecht e os trabalhadores". O Antagonista relata que, conforme o MPF, Frei Chico era identificado pelo codignome de "Metralha" nas planilhas de propina da Odebrecht, para receber a "mesada" sem ficar exposto.

O ex-presidente Alan García, de 69 anos, que governou o Peru por dois mandatos, se matou na manhã de hoje em Lima, com um tiro na cabeça, ao receber uma ordem de prisão sob acusação de ter recebido suborno da Odebrecht. García chegou a ser operado no hospital Casimiro Ulloa, mas não resistiu. Conforme o jornal peruano La Republica, o secretário do ex-presidente, Ricardo Pinedo, disse que García entrou em seu quarto ao ser informado que a polícia estava na porta de sua casa, onde cometeu o suicídio. O Globo lembra que o caso faz parte da chamada Lava-Jato peruana e avançou após a  delação premiada  do advogado brasileiro José Américo Spinola, que afirmou no Brasil ter pago US$ 100 mil a García a pedido da Odebrecht. García alevaga que recebeu o dinheiro como pagamento de uma palestra feita na Fiesp, em São Paulo. Além de García, a investigação do MP do Peru envolve outros três ex-presidentes: Alejandro Toledo (2001-2006), Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018). 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, determinou hoje que a revista digital “Crusoé” e o site “O Antagonista” retirem imediatamente do ar, sob pena de multa de R$ 100 mil por dia, reportagem informando que o empreiteiro Marcelo Odebrecht revelou em delação que o codinome "O amigo do amigo de meu pai" em planilha da empreira se refere a Dias Toffoli, atual presidente da Corte Suprema. O codinome foi citado em e-mail de 13 de julho de 2007, quando Toffoli era advogado-geral da União (AGU) no governo Lula. Moraes tratou a notícia como "fake news" e determinou à Polícia Federal que intime os responsáveis pela revista e pelo site para depor no prazo de 72 horas. O site do jornal O Globo diz que em publicação hoje, a Crusoé classificou a decisão de "censura", disse que "reitera o teor da reportagem" e informa que ela foi escrita com base em documento.

Na véspera do feriado, a procuradora-geral da República Raquel Dodge denunciou Lula, a senadora presidente do PT Gleisi Hoffmann (PR), o marido dela e ex-ministro os ex-ministros Paulo Bernardo, o ex-ministro Antonio Palocci, o empresário Marcelo Odebrecht, e o chefe de gabinete de Gleisi, Leones Dall'Agnol; por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Conforme a denúncia, a Odebrecht prometeu US$ 40 milhões a Lula em 2010 em troca de decisões políticas favoráveis à empresa, como, por exemplo, o aumento da linha de crédito do BNDES para obras tocadas pela empreiteira em Angola. Ainda de acordo com a PGR, o dinheiro, que totalizava R$ 64 milhões à época, ficou à disposição do PT. Parte teria sido usada em 2014 na campanha de Gleisi ao governo do Paraná. O jornal O Globo diz que cabe à Segunda Turma do Supremo, integrada por Edson Fachin, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Celso Mello, aceitar ou rejeitar a denúncia, que poderá, ou não, transformar os acusados em réus.

Com três votos de Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski contra dois votos de Edson Fachin e Celso de Mello, a Segunda Turma do Supremo retirou do juiz Sérgio Moro, de Curitiba, e transferiu para a Justiça Federal em São Paulo, trechos da delação de ex-executivos da Odebrecht envolvendo Lula nos casos do sítio de Atibaia e do Instituto Lula. Marcelo Odebrecht disse a Moro que pagou propina ao ex-presidente na reforma do sítio e na compra do terreno do instituto com interesses em contratos com a petrolífera, mas os três ministros consideraram que isso não têm relação com a Petrobras e, portanto, com a Lava Jato, saindo da alçada de Moro, responsável pela operação na primeira instância. "O Juiz federal Sergio Fernando Moro não irá se manifestar sobre este assunto", disse, em nota a assessoria da Justiça Federal no Paraná.