O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, comunicou à CPI da Covid que não deve comparecer presencialmente ao seu depoimento marcado para esta quarta-feira. O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), informou à imprensa que Pazuello enviou ofício pedindo para ser dispensado da oitiva presencial, alegando que dois assessores estão com suspeita de covid e por isso ele não poderia comparecer pessoalmente ao Senado. A comissão, que está ouvindo nesta manhã o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta e à tarde receberá o sucessor dele, Nelson Teich, vai decidir ainda hoje se Pazuello será ouvido por videoconferência.

Integrantes da CPI da Covid criada no Senado para investigar as ações do governo e o uso de verbas federais na pandemia aprovaram hoje requerimentos para ouvir depoimentos dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello e do atual ministro Marcelo Queiroga, todos como testemunhas. Conforme o site do Senado, Mandetta e Teich serão ouvidos na próxima terça-feira. Na quarta será a vez de Eduardo Pazuello prestar depoimento; e na quinta os senadores pretendem ouvir o atual ministro Marcelo Queiroga e o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres. Senadores governistas tentaram sem sucesso impedir essas convocações que colocam o Planalto no foco inicial das investigações, mas conseguiram adiar a convocação do ex-secretário de Comunicação do Planalto, Fábio Wajngarten.

Nelson Teich falou rapidamente à imprensa nesta tarde em Brasíli e saiu da coletiva sem dar oportunidade a perguntas dos jornalistas nem esclarecer o real motivo de ter decidido hoje deixar o comando do Ministério da Saúde, que perde seu segundo ministro em menos de um mês em plena pandemia da Covid-19. "A vida é feita de escolhas. E hoje eu escolhi sair", resumiu. O médico agradeceu a equipe do ministério e aos profissionais de saúde que atuam na linha de frente contra a pandemia, disse que visitou as cidades mais atingidas pela Covid para "entender melhor o que acontece na ponta" e afirmou que deixou um plano pronto para auxiliar estados e municípios nesse combate, incluindo o aumento de testes do novo vírus. Ao concluir, disse que não aceitou "pelo cargo" o convite para comentar a pasta: "Eu aceitei que achava que poderia ajudar o Brasil e ajudar as pessoas". Veja o vídeo.

"Oremos. Força SUS. Ciência. Paciência. Fé!" escreveu Luiz Henrique Mandetta. A publicação foi postada pelo ex-ministro da Saúde no Twitter após a divulgação de que seu sucessor, Nelson Teich, deixou hoje o comando da pasta por, como ocorreu com ele, discordar das exigências do presidente Jair Bolsonaro, que exige que o ministério indique o uso de cloroquina para casos leves da Covid-19 e é contra as medidas de isolamento social em prevenção à pandemia cujos números de casos e mortes avançam no Brasil.

Com apenas 28 dias no cargo, o médico Nelson Teich pediu hoje demissão do Ministério da Saúde por também discordar das imposições do presidente Jair Bolsonaro em relação à Covid-19 como ocorria com Luiz Hernque Mandetta, que acabou exonerado. Em comunicado, o ministério diz que detalhes sobre serão anunciados em coletiva à imprensa na tarde desta sexta-feira. A demissão acontece após Bolsonaro exigir a prescrição da cloroquina logo no início do tratamento da doença pelo protocolo da pasta, que hoje só recomenda o medicamento em casos graves. "Os favoritos para a sucedê-lo são: o general Eduardo Pazuelo, que Bolsonaro impôs como o segundo de Teich; o eterno candidato Osmar Terra; e o Contra-Almirante Luiz Froes, diretor de Saúde da Marinha. Froes é quem tem, no entanto, mais chances por ser o preferido do general Braga Netto", diz o colunista Lauro Jardim em blog no O Globo. Quem aceitar o cargo de ministro, já sabe que terá de obedecer a tudo o que o presidente mandar.

Em sua primeira coletiva sobre a Covid-19 à imprensa, o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, disse hoje que vai apresentar em uma semana uma diretriz do governo federal para que estados e municípios relaxem as medidas de isolamento social e possam voltar à normalidade. Esse plano deve levar em conta a estrutura de leitos e recursos humanos para atendimento à população, a realidade de cada região e testes por mapeamento para saber em que locais as medidas de isolamento devem ser mantidas ou relaxadas. O Brasil atingiu hoje 45.757 casos do vírus, com 2.906 mortes e 24,3 mil pessoas curadas. Teich estima que uma vacina só possa surgir dentro de um ano ou mais e frisou ser "impossível um país sobreviver um ano, um ano e meio parado". "A situação é difícil, complexa, mas com certeza a gente tem condição de passar por ela e, ainda mais, deixar o sistema de saúde preparado, mais forte, para o pós-Covid", declarou. Ele também confirmou o general Eduardo Pazuello como novo secretário-executivo da pasta, no lugar de João Gabbardo, que ocupou a função na gestão de Luiz Henrique Mandetta.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse hoje à CNN que o presidente Jair Bolsonaro demorou para exonerar Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde. "Achei até que o presidente demorou para exonerar o ministro da Saúde. Aqui no DF, por exemplo, eu troquei o meu secretário de Saúde no início da crise", afirmou Ibaneis, frisando que vê no novo ministro, Nelson Teich, "maior vontade de fazer interlocução com os governadores". Indagado se o presidente influenciou em sua decisão de reabrir o comércio e retomar as aulas no DF a partir de maio, Ibaneis Rocha afirmou: "Na questão da influência, posso dizer com toda a tranquilidade: fui eleito com total independência e todas as minhas decisões são baseadas no apoio dos meus técnicos, dos meus secretários. Não sofro nenhuma pressão da Presidência da República, mas, até mesmo por ser de Brasília, tenho que trabalhar com harmonia com eles. Gosto do presidente Bolsonaro, ele tem nos dado uma atenção especial".

O presidente Jair Bolsonaro acaba de anúnciar em transmissão ao vivo o médico oncologista Nelson Teich como novo ministro da Saúde em substituição a Luiz Henrique Mandetta. "O que conversei com o dr Nelson, é que, gradativamente, nós temos de abrir o emprego no Brasil. Essa grande massa de humildes não tem como ficar presa em casa. E o pior, quando voltar não ter emprego", afirmou o presidente, deixando clara sua intenção ao trocar o comando do Ministério da Saúde em plena crise da pandemia da Covid-19. Buscando minimizar o impacto da demissão de Mandetta, Bolsonaro disse que a saída do ex-ministro aconteceu em "comum acordo", em um "divórcio consensual", e agradeceu ao sul-mato-grossense.

O presidente também mandou um recado ao Congresso, ao Judiciário, aos governadores e prefeitos, afirmando que todos precisam ter "prudência" na tomada de medidas durante a pandemia do novo coronavírus. "Nós todos, Executivo, Legislativo, Judiciário, temos de tomar decisões com muita prudência. O governo não é uma fonte de socorro eterna. Em nenhum momento eu fui consultado sobre medidas adotadas por grande parte dos governadores e prefeitos. O preço vai ser alto", declarou. O presidente frisou ainda que "o governo não tem como manter esse auxílio emergencial ou outras ações por muito tempo", e emendou: "Já se gastou aproximadamente R$ 600 bilhões e podemos chegar a R$ 1 trilhão".

Já falando como novo ministro da Saúde, Nelson Teich fez questão de declarar que "existe um alinhamento completo" dele com o presidente Jair Bolsonaro. Oficializando a mudança, a exoneração de Mandetta e a exoneração de Teich foram publicadas em edição extra do Diário Oficial da União. Veja o vídeo.