A Polícia Federal deflagrou hoje em Campo Grande e Juti a Operação Isótita, que investiga indícios de fraudes em licitações para aquisição de gêneros alimentícios da merenda escolar nas prefeituras das duas cidades. Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, nas casas de dois empresários, de um servidor público e em uma empresa.

Algumas pessoas beneficiadas com o "kit merenda" distribuído pela Prefeitura de Campo Grande a famílias de alunos da Rede Municipal de Ensino (Reme) durante a suspensão das aulas para manter as pessoas em casa durante a pandemia de coronavírusdenunciaram nesta semana vizinhos que estariam vendendo os alimentos em postagens nas redes sociais. O jornal O Estado de MS cita ontem o caso de um homem do Jardim Centenário, pai de quatro crianças, que fez uma espécie de "feira" no quintal, tirou fotos e postou na internet. Diante de reclamações, ele apagou a postagem, fechou a casa e disse que foi cumprir "quarentena" na casa de parentes. Uma vizinha disse ao jornal, entretanto, que o motivo da "fuga" foi outro: "Foi medo de apanhar mesmo. O pessoal tem medo de perder o benefício". O jornal informou que casos semelhantes estariam sendo relatados nas redes e acrescenta que, consultada, a prefeitura disse não ter recebido reclamação, mas condena esse tipo de atitude.

Nove mil famílias carentes com crianças matriculadas na Rede Estadual de Ensino que recebem o Vale de Renda de R$ 180 mensais do Governo de Mato Grosso Sul terão um acréscimo por três meses de R$ 60 no benefício que passa a valer R$ 240. A medida visa ajudar na complementação alimentar dos alunos. Os R$ 180 referentes a março será pago no dia 22 de abril e no dia 30 serão pagos os R$ 60 suplementares. O vale de abril e maio será pago nos meses seguintes já no valor de R$ 240. A medida foi tomada pelo decreto nº 14.980 assinado pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) devido a suspensão das aulas que visa evitar o contágio por coronavírus. "Sabemos que muitas vezes a criança tem na merenda a sua principal fonte de alimento diário. Não tem como deixar desassistidas", disse o tucano. Os recursos para o complemento do subsídio, conforme o governo, estão previstos no Orçamento do Estado de 2020, da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho e vinculadas.

As prefeituras das cidades de Ponta Porã e Amambai e outros endereços das cidades fronteiriças de MS foram alvos de busca e apreensão na Operação "Tembi'u" (comida, em guarani) deflagrada pela Polícia Federal com apoio da Controladoria Geral da União (CGU). A ação investiga indícios de fraudes em licitações para aplicação de recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) relativos aos anos de 2016 e 2017 em Ponta Porã e 2017 e 2018 em Amambai. "A ação contou com o apoio logístico do 11º Regimento de Cavalaria Mecanizada do Exército Brasileiro", diz o site da PF. Em nota à imprensa, o prefeito de Ponta Porã, Helio Pelufo, afirma que a investigação analisa licitação de merenda escolar de 2016, "gestão que não era da nossa responsabilidade, e também de 2017, ano em que assumimos a Prefeitura". "A Prefeitura de Ponta Porã esclarece que rescindiu em 2017 o contrato com o antigo fornecedor de merenda escolar e, desde lá vem investindo sistematicamente para garantir aos nossos alunos alimentos de qualidade e elevado teor nutricional", acrescenta o prefeito.