Depois de ser diagnosticada com covid e retomar as atividades após testar negativo neste início de semana, a ministra Tereza Cristina (Agricultura) embarcou na noite anterior para o Irã, onde cumpre agenda para tratar de assuntos da relação comercial com o Brasil, como a importação de ureia iraniana. Em vídeo nas redes sociais, Tereza falou da viagem.
Leia maisDepois de o Canadá, Reino Unido e os Estados Unidos apontarem que um missil iraniano abateu o Boeing ucraniano após decolar do aeroporto de Teerã na última quarta-feira, o governo do Irã, que negava as informações, admitiu neste sábado que seus militares derrubaram "sem querer" o avião, causando a tragédia que matou 176 pessoas. Em comunidado na TV estatal, militares informaram que o aparelho voava em um local sensível e foi derrubado por "erro humano" e que os responsáveis serão punidos, informa o G1. O presidente iraniano, Hassan Rouhani, escreveu no Twitter que uma investigação interna das Forças Armadas confirmou que a aeronave foi abatida por míssil causando a morte de 176 pessoas inocentes e disse que as apurações sobre "essa grande tragédia e erro imperdoável" continuam. O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Zarif, também disse lamentar profuntamente e pediu desculpas às famílias das vítimas.
Armed Forces’ internal investigation has concluded that regrettably missiles fired due to human error caused the horrific crash of the Ukrainian plane & death of 176 innocent people.
— Hassan Rouhani (@HassanRouhani) January 11, 2020
Investigations continue to identify & prosecute this great tragedy & unforgivable mistake. #PS752
A crise entre os Estados Unidos e o Irã serviu de munição para a guerra entre Lula e Jair Bolsonaro hoje. Criticado pelo petista que disse em entrevista nesta quarta-feira ao site de esquerda Diário do Centro do Mundo que "o momento não é adequado para o Brasil se meter em uma briga externa" e o chamou de "lambe botas do Trump" (veja aqui), Bolsonaro publicou vídeo nas redes sociais em que aparece vendo o discurso de Trump sobre o conflito e rebate o ex-presidente. "Muitos acham que o Brasil deve se omitir no tocante aos conhecimentos. Só quero dizer apenas uma coisa. O senhor Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto presidente da República, esteve no Irã e lá defendeu que aquele regime pudesse enriquecer urânio acima de 20%, que seria para fins pacíficos" (na verdade, a posição do governo Lula em 2010 era permitir o enriquecimento de urânio em até 20%). Em seguida, o presidente exibiu um exemplar da Constituição e afirmou: "Nós temos que seguir as nossas leis, nós não podemos extrapolar. Acredito que a verdade tem que fazer parte do nosso dia a dia, que nós queremos paz no mundo". Por fim, exibiu o artigo 4º da Constituição com trechos grifados frisando que o Brasil tem entre seus fundamentos "a defesa da paz" e o "repúdio ao terrorismo". Veja abaixo o trecho do vídeo postado pelo presidente no Twitter.
- Donald Trump e o Irã:
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 8, 2020
- Nossa Constituição, art. 4°: Defesa da paz e repúdio ao terrorismo. pic.twitter.com/KQ3LQhokua
Apesar do aumento da tensão no Oriente Médio, analistas de guerra internacionais avaliam que o ataque do Irã a duas bases aéreas dos EUA no Iraque como resposta ao ataque estado-unidense que matou o comandante da Guarda Revolucionária Iraniana Qasem Soleimani indica um recuo no conflito. Do lado dos EUA, Donald Trump deixou claro aos seus eleitores que não vai tolerar o avanço do terrorismo por parte das milícias do Irã e aliados, como ocorreu no governo democrata de Obama. Do outro lado, o regime iraniano pode mostrar à sua população que reagiu contra o grande inimigo. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, declarou hoje a uma multidão em Teerã: "Ontem à noite, nós demos um tapa na cara deles". O povo respondeu com cantos de "morte aos Estados Unidos". O chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, que dias atrás chamou o ataque americano de "terrorismo" e "ato de guerra", disse agora no Twitter que o ataque às bases Al-Asad e Irbil foi um ato de legítima defesa seguindo leis internacionais. "Nós não estamos buscando escalada (dos conflitos) ou guerra, mas nos defenderemos contra qualquer agressão", escreveu em inglês. Trump, conhecido pelo estilo agressivo na rede social, publicou no Twitter após o ataque iraniano uma mensagem afirmando que "está tudo bem". Para o editor de Oriente Médio da BBC, Jeremy Bowen, o Irã tenta em sua diplomacia via Twitter "passar a bola" para os EUA em razão da disparidade militar entre os dois países. "Eles estão dizendo aos americanos: 'Agora é com vocês, se querem ou não escalar isso'." Leia mais aqui na BBC Brasil.