A CCJ da Câmara dos Deputados aprovou por 35 votos a 24 uma nova "PEC da Bengala" reversa que, se aprovada pelo Congresso, dará a Jair Bolsonaro o direito de indicar mais dois ministros para o Supremo.

Investigada no inquérito do Supremo que apura a disseminação de "fake news" e atos contra a democracia que defenderam o fechamento do Supremo e do Congresso no ano passado, a deputada bolsonarista de primeiro mandato Bia Kicis (PSL-DF) foi eleita hoje na Câmara, por 41 votos a favor, 19 contra e um em branco, para presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que analisa se atendem os preceitos da Constituição Nacional todos os projetos que passam pela Casa. A eleição foi marcada por protestos de opositores contra a indicação da deputada pelo PSL e pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL). A deputada Fernanda Melchiona (PSOL-RS) que tentou se candidatar ao comando da comissão, mas foi barrada porque a candidatura única do PSL já havia sido combinada em acordo de líderes, fez várias críticas à escolha de Kisis. "Quem comete inúmeros crimes não pode ser presidente da CCJ da Casa", disparou Melchiona, acusando a colega de ser "uma das maiores atacadoras da Constituição Federal".

Investigada no inquérito das fake news no Supremo, por disseminar notícias falsas nas redes sociais, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) vai presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, mais importante comissão por onde passam praticamente todas as matérias em trâmite na Casa que, entre outras atribuições, também decide sobre admissibilidade de impeachement. Aliada do presidente Jair Bolsonaro, a deputada negacionista em assuntos relacionados à pandemia da covid-19 já defendeu em 2020 a intervenção militar como "poder moderador". Bia Kicis foi indicada ao comando CCJ após acordo intermediado ontem por Arthur Lira (PP-AL), eleito presidente com apoio de Bolsonaro, após a definição de que Luciano Bivar (PE), presidente do PSL, deve ficar com a primeira secretaria na Mesa Diretora. A ideia, conforme O Globo, foi pacificar as duas alas do PSL, a de Bivar e a bolsonarista, rompidas desde 2019. Nesse arranjo, o líder do partido será Vitor Hugo (PSL-GO), ex-líder do governo. "Foi um acordo para selar a paz" disse Bia Kicis ao jornal.