Pesquisas estão longe de prever cenário eleitoral de 2018, avaliam especialistas

Pesquisas estão longe de prever cenário eleitoral de 2018, avaliam especialistas
Legenda: Lula e Bolsonaro lideram as pesquisas, que mostram só um cenário atual em que novos nomes podem surgir ou desaparecer

Postado por Marco Eusébio , 09 Dezembro 2017 às 13:22 - em: Principal

Faltando pouco menos de um ano para as eleições, pesquisas estão longe de prever o cenário de 2018 conforme especialistas. De olho no Planalto, figuras conhecidas como Lula e Jair Bolsonaro estão há mais de um ano viajando pelo Brasil para consolidar suas candidaturas. Não à toa, os dois lideram a preferência do eleitorado.
 
A mais recente pesquisa Datafolha apontou que, dependendo dos candidatos, Lula varia de 34% a 37% e Bolsonaro tem, em média, 18%. Porém, o que chama a atenção são outros números. O Datafolha aponta que, na espontânea, sem citar candidatos, 46% dos eleitores não demonstra preferência por ninguém. Lula é citado por 17% (tinha 18% em setembro), e Bolsonaro por 11% (tinha 9%). Com 1% cada aparecem Ciro, Marina, Alckmin, Álvaro Dias e Temer. Os demais não atingiram sequer 1%. 
 
"Se você tem quase 50% dos eleitores que da sua própria cabeça não podem citar um candidato de sua preferência, isso é muito prejudicial ao próximo passo da simulação, que é de mostrar o cartão com os nomes dos candidatos. Uma coisa é muito destoante da outra", analisa o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer. 
 
O especialista diz que as pesquisas não servem de real parâmetro para as eleições, pois só retratam o atual momento. Nos próximos meses, afirma, novas candidaturas podem surgir e outras desaparecer, como no caso de Lula, que se for condenado em segunda instância pelo TFR4 será barrado pela Lei da Ficha Limpa.
 
O escritor e cientista político Bruno Garschagen cita levantamento do Ibope, divulgada no fim de outubro, e avalia que o cenário está "basicamente sendo construído pelos institutos de pesquisas". Para Garschagen, "o que a gente tem hoje, é mais um termômetro daquilo que os institutos de pesquisas acham e, depois, o que a população acha a respeito daqueles candidatos. É tudo muito prematuro", declarou.
 
Historicamente, o brasileiro demora a escolher seus candidatos. Em julho de 2014, por exemplo, 55% dos eleitores não sabiam dizer em quem votariam. Bruno Garschagen diz que um dado mais "robusto" e "fiel" da realidade só será alcançado em meados de março ou abril do ano que vem, uma vez que "o quadro de candidatos já estará mais claro, inclusive para a população".
 
(Com João Paulo Machado, da Agência do Rádio)