Sábado sim, sábado não, Marlene Alves de Lima, de 40 anos, perambula pelas ruas de Cuiabá servindo café da manhã para moradores de rua. Ela também ajuda uma casa de recuperação de dependentes químicos e em finais de semana alternados, faz almoço para pessoas que vivem e trabalham no lixão cuiabano. Só que ao contrário de outras pessoas que tem recursos para fazer assistência social voluntária, Marlene, que é empregada doméstica, precisa fazer "bicos" passando roupa em casas de família e chega a trabalhar até 14 horas por dia para poder comprar comida para os desconhecidos mais necessitados.
 
A dedicação de Marlene começou há quatro anos quando fazia um curso de Teologia e pensava em ir para o Afeganistão ajudar necessitados. Ela diz que numa certa manhã, indo para o trabalho, viu um rapaz revirando o lixo de uma padaria procurando restos de comida. Em entrevista ao site cuiabano Olhar Direto, ela contou:
 
– "Aquilo me tocou profundamente, então eu o abordei e disse que pagava um café da manhã para ele. Sentei com ele e ouvi sua história. Daquele dia em diante comecei a levar o lanche pra eles. Aquilo mexeu comigo e eu fiquei pensando: o que é que eu vou fazer lá naquele país distante, com tanta gente por aqui para ajudar? E foi assim que eu decidi fazer esse trabalho missionário em Cuiabá”.
 
Desde o ano passado ela conta com o reforço de pessoas ligadas à Assembleia Ministério da Luz. A igreja mantém uma casa de recuperação de usuários de drogas para onde dependentes abordados por Marlene que queiram se tratar são levados. Ela disse que fica satisfeita em saber muitos dos seus "meninos" conseguiram se livrar das drogas e hoje seguem uma vida normal. Um, inclusive, vai se casar neste mês. "É uma emoção sem igual. me sinto realizada como mãe todas as vezes que vejo um menino meu encaminhado na vida", comemora Marlene.





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