Hora de falar, hora de calar... Ricardo Trad Filho (*)

Hora de falar, hora de calar...

Há hora de falar e há hora de calar. É bíblico. 
 
Vale para as trivialidades do dia a dia, como também para o cotidiano da vida dos advogados. 
 
Na semana passada, estava eu em um dos plenários do Tribunal Regional Federal da Terceira Região (TRF3), em São Paulo. Me inscrevi para sustentar oralmente. 
 
Enquanto esperava, fiquei ali sentado prestando atenção aos julgamentos que se sucediam. Uns dez antes do meu. Umas dez sustentações orais antes da minha. 
Pois que, num desses julgamentos, o advogado quis de toda forma falar, ainda que o desembargador relator tivesse já lhe anunciado que estava dando ganho de causa aos clientes do causídico, com a aderência dos demais julgadores. O processo seria anulado e seus clientes seriam soltos. Mas o advogado quis falar, de toda forma. 
 
Resultado: após a sustentação oral da sua tese, os julgadores voltaram atrás. Reconheceram que, em 'melhor análise da questão', não havia nulidade alguma, nulidade que 15 minutos atrás haviam proclamado. 
 
O julgamento do mérito da causa acabou ficando para a próxima sessão. O advogado então saiu tonto da tribuna. 
 
Do lado de fora do plenário, o cliente perguntou o que houvera acontecido. Ainda tonto, o advogado respondeu: 
 
– "Depois da minha sustentação oral o desembargador relator decidiu tirar o processo de pauta para melhor analisá-lo." 
 
O cliente: 
 
– "Entendi."
 
(*Ricardo Trad Filho é advogado em Campo Grande - MS)


Deixe seu comentário


Postado por: Ricardo Trad Filho (*), 15 Maio 2017 às 12:00 - em: Falando Nisso


MAIS LIDAS