Diálogo, a palavra chave

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Diálogo, a palavra chave
Do Gaudêncio Torquato em suas Porandubas Políticas:
 
"Ainda bem que a presidente Dilma cravou a palavra correta, em seu primeiro discurso depois de eleita, para definir sua missão nos tempos tensos que virão: diálogo. O Brasil que saiu das urnas, após assistir a mais virulenta campanha desde os idos de 1989, está rachado ao meio. A profunda divisão que se formou no seio de grupos, setores e regiões, poderia, até, ser considerada sinal de avanço político, pelo entendimento de que o escopo democrático se inspira na disputa entre contrários, se chegássemos ao final do pleito com o peito estufado de animação cívica e não com arsenais cheios de ódio e desejo de vingança.
 
Juntar os cacos
 
À presidente caberá a missão de juntar os pedaços partidos do corpo político nacional. Vai comandar um país conflagrado, fracionado em duas grandes bandas, separado por gigantesco apartheid, que lhe vai exigir extraordinário esforço para recompor a união da comunidade política, destemperada ao correr da campanha eleitoral pelo molho da discórdia. A agressividade da linguagem usada pelos candidatos deixará feridas abertas por um bom tempo, eis que os eixos centrais da política foram entortados : adversários passaram a ser inimigos; o combate às ideias cedeu lugar ao embate pessoal; a carga expressiva da competição eleitoral saiu da régua do respeito para descambar no tiroteio chulo. Não será fácil reconstruir a mesa da comunhão nacional, unir os sonhos da coletividade.
 
Apagar o ´nós e eles` 
 
A cisão social vem sendo, há tempos, alimentada por recorrente discurso com foco na luta de classes, fenômeno que abandonou as ruas e foi apagado do discurso político desde a queda do Muro de Berlim. Por essas bandas, no entanto, a insistência de um partido e suas principais lideranças em manter vivo o alfabeto da separação - ´nós e eles`, ´elite branca contra os miseráveis`, ´ricos e pobres`, ´Nordeste contra Sudeste` - contribuiu sobremaneira para expandir os atritos na esfera social, formando bolsões de animosidade entre grupos partidários, exércitos militantes e entidades com feição política, como centrais sindicais."
 
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Postado por: Marco Eusébio, 29 Outubro 2014 às 13:45 - em: Principal


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