A restrição da Rússia à compra de carnes da União Europeia e dos Estados Unidos em função da crise na Ucrânia, aliada à decisão russa de abrir as importações de carne suína, bovina e de frango do Brasil com o credenciamento de 80 frigoríficos nacionais, já impulsiona o setor em Mato Grosso do Sul, afirma o presidente do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de MS (Sicadems), Ivo Cescon Scarcelli. Como as medidas russas só entraram em vigor em agosto, números oficiais só saem depois de setembro, mas o quadro é otimista.

De janeiro a agosto deste ano, conforme o Radar Industrial da Fiems, a Rússia já era o principal destino do complexo frigorífico de MS respondendo por 31,9% dos US$ 819,4 milhões de receita de exportação total do grupo, bem acima do percentual no mesmo período do ano passado que era de 17,9% sobre receita de US$ 692,3 milhões. No período, a receita de vendas para a Rússia chegou a US$ 261,4 milhões contra US$ 123,6 milhões do período de 2013, um crescimento de 111,4%. E o volume também mais que dobrou de 31,6 mil toneladas para 644,7 mil t., um aumento de 104,7%.

O gerente-geral da planta do JBS de Campo Grande, na saída para Sidrolândia, Jair Azevedo, diz que a previsão é de que essa alavancada no comércio de carne para a Rússia perdure por pelo menos doze meses, reforçando o aumento nas exportações. “Esse aumento da demanda é temporário e deve durar o tempo do conflito da Rússia com a Ucrânia”, avaliou Azevedo.