Mais uma grande perda para a literatura nacional. Ariano Suassuna morreu hoje aos 87 anos no Recife. Paraibano, radicado em Pernambuco, o autor de "O auto da Compadecida" e outras importantes obras da literatura nacional estava internado no Real Hospital Português, no bairro da Ilha do Leite, desde segunda-feira após um AVC hemorrágico e uma parada cardíaca.

 

Ariano não morreu só. O site do Diário de Pernambuco lembra que o escritor dizia em inúmeras entrevistas que “quem gosta de ler não morre só”. E ler, como escrever, era uma de suas paixões desde pequenino. Foram 15 livros de romance e poesia, além de 18 espetáculos de teatro. “Não gosto da ideia de ter medo de morrer. Sou paraibano e não gosto de confessar que tenho medo (risos). Eu conheço a palavra medo, porque li no dicionário”, declarou em recente entrevista ao Correio Braziliense.  

 

Ariano Vilar Suassuna nasceu em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, na Paraíba, em 16 de junho de 1927, filho de Cássia Villar e João Suassuna ex-presidente da Paraíba, assassinado no Rio de Janeiro após a Revolução de 1930, quando a família mudou-se para Taperoá, no Sertão da Paraíba, onde morou até 1937. O escritor de Romance d'A pedra do reino só veio ao Recife em 1942, para dar continuidade aos estudos e, posteriormente, ingressar na Faculdade de Direito.

 

Depois de exercer a profissão de advogado por alguns anos, abandonou o ofício para ensinar estética na Universidade Federal de Pernambuco. Foi secretário de Cultura do Estado de Pernambuco, no Governo Miguel Arraes (1994-1998), membro da Academia Paraibana de Letras (APL/PB), Academia Pernambucana de Letras (APL/PE) e da Academia Brasileira de Letras (ABL). Em 2004, com o apoio da ABL, a Trinca Filmes produziu o documentário O Sertão: Mundo de Ariano Suassuna, dirigido por Douglas Machado. Era torcedor fanático do Sport Clube do Recife.

 

Ariano deixa cinco filhos - Maria, Manoel, Isabel, Mariana e Ana - e a esposa, Zélia de Andrade Lima, com quem era casado desde 1957. O casal teve ainda outro filho, Joaquim, que cometeu suicídio em 2010. O velório deve ser realizado no Palácio do Campo das Princesas. De lá, o corpo segue em cortejo em carro do Corpo de Bombeiros até o Cemitério Morada da Paz, onde será enterrado, informa o Diário de Pernambuco.