As manchetes deste sábado dos principais jornais do Brasil, para quem viveu aquela época de ouro [sem trocadilhos] das bandas brasileiras, faz lembrar a música Alvorada Voraz, sucesso do RPM que dizia: "E o escândalo das jóias, e o contrabando, e um bando de gente importante envolvida. E a propaganda, pois nesse pais, é o dinheiro quem manda..."

 

Para quem desconhece ou não lembra, a música de 1986 fazia referência, entre outros, a um caso que começou na manhã de 29 de março de 1985, quando um carregamento de águas-marinhas, esmeraldas, topázios e turmalinas foi apreendido na alfândega de Miami (EUA). 

 

O portador das pedras, Mark Lewis - cidadão norte-americano que na época morava em Anápolis (GO) - não conseguiu documentar ser dono do carregamento que virou o chamado "Escândalo do contrabando de pedras preciosas", que envolveu o nome do ex-ministro da Justiça Ibrahim Abi-Ackel (1980-85), que foi ministro da Justiça no governo do general Figueiredo. Sem provas de que seria sócio do contrabando das joias, Abi-Ackel acabou inocentado pela Justiça. 

 

E hoje a história se repete com o relatório da Polícia Federal cujo teor estampa o noticiário apontando “fortes indícios” de que o general do Exército Mauro Lourena Cid e o seu filho, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, teriam usado o aparelho estatal para desviar bens do patrimônio brasileiro – joias e outros objetos valiosos doados ao ex-presidente – com o objetivo de, segundo o documento da PF, “gerar o enriquecimento ilícito” de Jair Bolsonaro.